segunda-feira, 26 de março de 2012

GABRIEL:

Cuidando da imortalidade
um poeta esquece a
vida

Come o pão
amanhã

Cerzindo as roupas claras
se veste de luto
pela casa
pobre cuidando: um poeta

De sonhos é que é

corrompido

um dia será lido


Eunice Arruda (do livro "Gabriel:", Massao Ohno Editor, 1990 - poema musicado pelo maestro A. Theodoro Nogueira)

7 comentários:

  1. Passei por aqui pelo pão dfa poeta.
    Beijos

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  2. Querida Eunice,

    Fiquei aqui reflexiva sobre essa questão da "imortalidade", sabe. Ao escrever, o poeta é imbuído pelo desejo de não fazer-se esquecer, pelos "outros"? É essa sua intenção primeira ao versejar?
    Eita! É melhor eu ficar por aqui, se não, vou longe, minha linda!
    SOU SUA FÃ!

    Um abraço aqui, do Cariri cearense!
    Tânia Peixoto

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  3. [qual a roupa do poeta enquanto poeta vestido,

    e a outra que abandona,
    e fica pele de do tempo, aquele que no poema é jamais?]

    Esse momento, momento único...


    Leonardo B.

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  4. Parabéns, Eunice!
    Mais um belo poema para encantar a nossa alma!
    Um abraço da MARISA BUELONI

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  5. Tudo que a Eunice toca vira ouro. No duro!

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  6. Auto Retrato:

    Eu que sou um vampiro subnutrido
    Que vaga pelas noites alucinógenas
    Não posso corromper a solidão que me nutre
    Assim como a vida não pode deixar de ser contraditória
    Em sua trajetória para a morte...
    Eu que vivo apenas para ser uma transição
    Entre o real e o imaginário
    Andarilho dos subúrbios,
    Sem alvará, vaidade, sem ancestrais,
    Nascido do caos da civilização,
    Cidadão sem pátria e sem religião,
    Anelante anêmica criatura,,,

    Prefiro a noite... Antecipar o dia...
    Rasgar o calendário, caminhar no sentido anti-horário,
    Anteceder o dilúvio,
    Aparar as desgraças do mundo num tubo de ensaio...

    Prefiro a noite...
    Luzes de neon, minha aflição aparvalhada,
    O silêncio mórbido das madrugadas,
    A lua mudando a minha fisiologia...

    Eu que não tenho moradia,
    Que vivo a noite vivendo o dia,
    Que tenho a dívida maior do mundo,
    E carrego a cruz que foi de Cristo...
    Tenho chagas que são profundas
    E tenho sonhos já carcomidos...

    Eu que sou regido pelo sol,
    Que trago o fogo em labaredas,
    Trago a lua como estandarte
    E os planetas sobre os meus dedos...

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