quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

GABRIEL

Cuidando da imortalidade
um poeta esquece a
vida

Come o pão
                   amanhã

Cerzindo as roupas claras
se veste de luto
pela casa
pobre cuidando: um poeta

De sonhos é que é

corrompido

um dia será lido

Poesia Reunida, Eunice Arruda- Editora Pantemporâneo, 2012

5 comentários:

  1. É preciso dizer
    Que eu estou confuso...
    Que eu me enrosco nos livros que leio...
    Que eu me perco
    No labirinto das possibilidades plausíveis...
    E que o meu pensamento se esvaí
    Nos intervalos dispersos
    Das atividades caseiras e cotidianas...
    Muitas coisas a serem feitas inadiáveis...
    Milhares de pequenas atitudes
    Que não podem ser renegadas
    Na decorrência crucial do dia...
    Ah! Como eu me perco
    Limpando as estantes,
    Tirando pó das prateleiras
    Dos livros e objetos,
    rasgando folhas e endereços
    Que sempre me foram inúteis!
    Mas que os guardei
    Como se fossem tesouros...
    Inúteis telefones em cartões de visita,
    Anotações esparsas nas agendas antigas
    Que eu nunca usei!
    Estou irremediavelmente perdido, confesso
    Inseguro diante do abismo
    Que se abre sob os meus pés
    Em pleno assoalho
    Da cozinha...

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  2. Um dia será lido. Porque ninguém escreve para si só, nem coloca a mensagem na garrafa para si mesmo. Abraço da fá.

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