DEBAIXO DO SOL

eu

vivo

para ir

tirando de mim
as camadas do Sonho


EUNICE ARRUDA
(do livro "Debaixo do sol", Ateliê Editorial, 2010)

INICIAL

mudar a sombra e a árvore

da terra do mar mudar

ser par

mudar o risco e o cabelo

o lado de dormir e o de sonhar



Eunice Arruda (do livro "Mudança de lua", Scortecci Editora, 1986 – São Paulo/SP)

ESQUECI

o meu
caminho de casa

o sono úmido
útero

o nome dos sentimentos

as mãos
dadas às praças

as flores
as estações, esqueci
o rosto de minha mãe

EUNICE ARRUDA (poema sobre xilogravura de Valdir Rocha)

CLANDESTINIDADE

Vivi na clandestinidade
anos

No escuro nos bares na periferia
-------------------------------anos a fio
-------------------------------escondida
-------------------------------envolvida
em fumaças
teorias
Na paixão. Na clandestinidade

Até que um dia me entregaram

à vida

Eunice Arruda (do livro "Mudança de lua", João Scortecci Editora - São Paulo, 1989)

GABRIEL:

a duras penas
o tempo parou:
enterramos o morto

nos misturamos à terra
a
duras penas
conhecemos o nosso verdadeiro nome

EUNICE ARRUDA (do livro "Gabriel:" - Massao Ohno Editor, 1990, São Paulo/SP)

SENTENÇA

Convém nos
iniciarmos
cedo
As coisas são demoradas

E não é bom
colher os frutos
quando a boca não
conseguir mais
saboreá-los

.........................................................................
SENTECIA

Nos conviene
iniciarnos
temprano
Las cosas son demoradas

Y no es bueno
cosechar los frutos
cuando la boca no
consiga mas
saborearlos

Traducción: Gabriel Solís

Publicado por Claudio Sesín y Alberto José Acosta (Editores), nº 4 de los Navegantes

Visite: http://navegantesdelacruzdelsur.blogspot.com/2010/05/eunice-arruda-brasil.html

PAISAGEM

O sol se
põe

Girassóis olham o chão


Eunice Arruda (do livro "Mudança de Lua" Scortecci Editora, 1986 – SP/SP e incluído no livro digital: http://houdelier.com/flip_books/eunice_arruda_sp/index.html)

SEQUÊNCIA

o mendigo olha as
chagas de
Cristo

piedosamente

toca o vermelho
- ombro de
Cristo -

piedosamente

pousa depois
as mãos no
sujo
do
próprio ombro

piedosa/mente

EUNICE ARRUDA

Edição comemorativa do 25º Aniversário do Conservatório Regional de Música de Viseu (1985-2010) - Portugal
Organização de Amadeu Baptista
Capa e paginação de Inês Ramos
Participação de alguns poetas brasileiros, dentre eles: Affonso Romano de Sant’Anna, Carlos Felipe Moisés, Donizete Galvão, Eunice Arruda, Fernando Fábio Fiorense Furtado, Iacyr Anderson Freitas e Vera Lúcia de Oliveira.


GUITARRA

Som
sentido
quem sou?
Corda de guitarra
fina
aguda
quebra a noite em duas

Vida – som sem
sentido

EUNICE ARRUDA (do livro "É tempo de noite" - SP: Massao Ohno, 1960)

Poema "Ocaso" no programa PROVOCAÇÕES

Reapresentação do Programa: 04 de fevereiro
Horário: 1h30
TV Cultura
Informações no site: www.tvcultura.com.br

Oficina de Haicai: Eunice Arruda

A oficina pretende introduzir os participantes nas primeiras noções desta forma de poesia oriunda do Japão. Serão estudados conceitos, histórias e técnicas deste gênero minimalista cujo mister é expressar o objetivo e o subjetivo através de três versos. Criação de textos e roda crítica.

Período e horários

Dias 4 e 5 /02 quinta e sexta-feira das 18 às 21h e dia 06/02 sábado das 10 às 13h
Carga Horária - 9hs/aula

Local: Estação das Letras

Endereço: Rua Marquês de Abrantes, 177 - Loja 107 :: Flamengo - Rio de Janeiro - RJ :: CEP: 22230-060

Telefone: (21) 3237-3947

Fiapos nos dentes
o rosto todo amarelo
É tempo de manga

Eunice Arruda (do livro "Há estações", Editora Escrituras - 2003)